terça-feira, 6 de julho de 2010

Um leitor e um jornal

Desapareceu do meu blog, não sei porquê. Estou repostando, então.

No dia 26 de maio, quarta feira, fui liberada mais cedo pela faculdade, devido a uma atividade que seria realizada por outros colegas. Aproximadamente as 9:30 da manhã, peguei um ônibus em direção à minha casa e ao entrar, uma figura me chamou atenção: um homem bem vestido e grisalho, aparentando 45 anos, lia um jornal. Com muita classe, ele virava as páginas gigantescas em um espaço limitado; essa característica me fez concluir que ler o jornal enquanto se direcionava ao trabalho, era para ele uma tarefa corriqueira.

Sentei-me perto dele, e a partir daí prestei atenção em suas reações ao virar as páginas, observando quais notícias seriam priorizadas por ele durante a leitura. No caderno sobre política, a leitura era constante, ele parecia ler todas as notícias, mas de forma superficial; considerando algumas sem importância alguma, afinal, entre uma e outra matéria, ele fazia um gesto engraçado, como se o que ele tivesse lido, fosse algo absurdo e sem relevância em seu universo. Ele parecia falar sozinho e eu tive vontade de rir, mas me controlei, continuando a observar.

Ele pegou o caderno de notícias cotidianas e após ler uma matéria sobre devedores e punições, concluí que o grisalho e elegante homem era um advogado. Ele leu a matéria completa; parecendo feliz com as mudanças ocorridas, já que concordou por 5 vezes, esboçando sorrisos. Virando as páginas, gastou mais tempo lendo uma matéria sobre chocolate do que deu importância a fatos ocorridos na cidade.

Terminando a leitura, dobrou o jornal calmamente, de forma que este não fizesse volume, e o deixou de lado. Guardou os óculos de leitura na bolsa, substituindo por óculos de grau convencionais e aguardou o ônibus chegar ao seu ponto. Infelizmente, não pude acompanhar a sua reação ao ler o caderno de Esportes, que provavelmente foi o que ele leu primeiro (ou o que ignorou primeiro).

Chegando no ponto, ele se levantou, desaborrotou o terno e se dirigiu à porta. Deixando o jornal no ônibus. Pensei comigo mesma: “quando eu me levantar pra sair, pego o jornal e levo para ler na minha casa.” mas antes disso, a mulher sentada ao meu lado o fez. Cheguei ao meu destino e a deixei no ônibus, lendo o jornal; não com a mesma classe, mas muito mais atenta. Ela provavelmente não lê o jornal com freqüência, mas ao se deparar com ele e diante do trânsito caótico e demorado de São Paulo, teve vontade de passar o tempo lendo sobre assuntos de seu interesse. E dependendo de como a mulher reagir, a leitura desse jornal, pode ser um ciclo vicioso ou se tornar um hábito para ela.

Nenhum comentário: