terça-feira, 29 de março de 2011

O fim de um BBB.

Na semana passada, eu estava vivendo a rotina e ao mesmo tempo pensando em assuntos pra escrever o meu próximo post. Me convencer de escrever sobre temas diferentes leva um certo tempo. Meu pai, então, em meio a uma de nossas conversas diárias me disse: "faz uma crítica à esse BBB e manda pra algum site". Resolvi não mandar minhas opiniões para um site específico, mas sim, ditar minhas opiniões no meu próprio espaço.

Quem me conhece sabe que desde o BBB7 eu sou viciada nesse reality show. Eu gosto de ver porque nunca se imagina o que pode acontecer quando se unem tantas pessoas diferentes em um único local, sujeitos a provas que testem seu caráter e suas reações perante às ações do outro. É a vida, sem roteiro. No ano passado, meu encantamento parecia estar chegando ao fim porque demorei para gostar do BBB10. Cheguei a fazer posts um pouco menos empolgados do que o que faria em 2009, por exemplo, mas declarei minha paixão pelo formato do programa e pelas emoções que ele desperta em quem assiste: "Há um tempo atrás eu disse que era BBBmaníaca e isso persiste! Meu irmão só sabe criticar esse meu lado viciada ou melhor, apegada a certas coisas. Eu reconheço que algumas coisas são inúteis, tipo BBB, mas eu não consigo deixar de assistir ou fingir que eu não gosto só por esse detalhe [ser inútil] :)" Eu não tinha preferidos até a reta final da edição de 2010, quando me apeguei a Lia e Cadu; estava odiando! Não vejo graça em assistir um programa de competição sem que haja um protegido. O objetivo do BBB é torcer, é se enxergar nas situações e misturar os seus sentimentos com o seu favorito.

Hoje chega ao fim a edição mais monótona, chata, sem personalidade, sem história e sem animação de todas as demais edições. E diria mais uma série de defeitos, mas páro por aqui. Nunca se sabe se isso é realmente o pior que pode ser apresentado e se nos próximos anos, eu não acharei o BBB11 ótimo com relação aos que vierem; mas torço para que a maré baixa de BBB acabe aqui. O interesse acontecerá de qualquer forma, que seja ao menos apreciável e que que quem vença, mereça vencer!

Nas demais edições, pessoas polêmicas permaneciam pra manter o jogo aceso. Nessa, as pessoas polêmicas saíam porque além de polêmicas eram insuportáveis e ninguém aguentava assistir. A direção do programa até tentou melhorar a audiência e a qualidade da edição, com shows, reviravoltas e provas macabras; mas na tentativa de fazer de seus preferidos os favoritos, deixou clara a obsessão em destruir os outros, manipulando o público. Ainda com tantas tentativas de melhora, não deu certo. Não teve nenhum recorde de votos, não cativou o público e é justamente isso que importa.

Desde o início, não teve um destaque. Isso quer dizer que foi justo? Não, isso quer dizer que foi ruim. Não teve o alguém a ser derrotado. Todo mundo encarou o jogo com medo tanto do paredão como de se mostrar quem era. Quem saía era quem mal tinha entrado e quem permanecia, era quem estava conformado com a possibilidade de sair. E é a final mais disputada porque nem Maria, nem Daniel e nem Wesley se sobrepõem uns sobre os outros e nem o próprio público sabe quem merece ganhar. Pra mim, nenhum merece; ninguém que entrou na casa merecia.

O programa acaba hoje e olhando por fora, sem saber dados e estatísticas, tenho certeza que a Globo lucrou muito mais do que gastou. Mas não tanto quanto esperava, já que a cada ano o programa tende a crescer e não a regredir. Acho que no fundo, eles dão graças a Deus que chegou ao fim! Que venha o BBB12! Que na próxima vez escolham melhor os participantes, que os grupos funcionem melhor, que as pessoas sejam mais simpáticas, que o apresentador não queira interferir no jogo de cada um e que os participantes não se achem melhores do que realmente são. Que o programa volte a empolgar! A espiadinha virou rotina, nada mais justo que ela seja prazerosa, ao menos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mais um 17 de março.

"Quer dizer então que você tá ficando mais nova hoje?” Com aquele tom de ironia, me perguntaram hoje. Eu filosofei, pensando que até podia fazer sentido. Afinal, estou mais velha me sentindo mais nova. A gente ganha um ano inteiro em um só dia. O que hoje é dezenove vai demorar pra deixar de ser dezoito. O que era dezoito, nunca deixou de ser dezessete. E o dezessete sempre foi dezesseis. Isso não é interminável. A idade mental precisa chegar, talvez dezesseis anos. Nem tão menina, nem tão mulher. A idade real é a que assusta.

Não sei se é assim com todo mundo, mas a data do aniversário é a mais sonora data do ano. Supera até mesmo a força sonora dos feriados fixos como o 7 de setembro ou o 25 de dezembro. O meu dezessete de março além de sonoro é especial. Ele é só pra mim. Ainda que também seja pra muita gente nos arredores da minha rede de conhecidos, é só meu. Não sei se eu o aproveito como deveria, mas eu adoro receber os telefonemas e responder as mensagens. Reunir a família, os amigos, comer o bolo, o brigadeiro e tudo de gostoso que se prepara. É bom.

"São as águas de março fechando o verão". No meu dia dezessete o tempo fecha e sempre chove. Hoje, o sol brilhou tímido, mas não se escondeu. Pode ser um sinal de que as coisas mudem nesses meus recém completados dezenove anos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Experiência traumática.

No mundo em que vivemos hoje, o mais natural é relacionar o modelo de jornalismo com os telejornais, certo? O telejornalismo é a garantia de boa informação que atinge o maior número de pessoas. Eu, estudante de jornalismo, porém, nunca me imaginei trabalhando na televisão por alguns motivos muito fáceis de explicar: insegurança (tanto na fala como na aparência: altura, cabelo cacheado, óculos) e os meus trejeitos: passar a mão na testa, movimentar muito os braços e mexer muito no cabelo. Tudo isso pode ser contido com muita força de vontade, prática e confiança. Mas é tanta coisa que eu acho mais fácil não me arriscar.

Hoje eu tive a minha primeira experiência como jornalista na frente das câmeras de televisão. Foi na faculdade, aula de Edição e Reportagem. A professora chegou na sala e disse que gravaríamos boletins ao vivo para exercitar o posicionamento em frente às câmeras e para que nos sentíssemos mais a vontade nas seguintes atividades do semestre. Tivemos uma hora pra elaborar um texto de tema livre, que durasse em torno de 30 segundos. O texto foi produzido em dupla e era simples, mas eu tinha medo de não conseguir decorar. Atingir o equilíbrio entre o nervosismo e o não esquecimento seria o mais difícil e a união disso provocaria gagueira e mais e mais trejeitos. Eu podia prever.

E adivinhem o que aconteceu comigo? Passei vergonha na frente de todo mundo. Custei pra falar o textinho que eu tinha decorado direitinho durante os meus ensaios, foram necessárias várias tentativas antes que eu por fim dissesse o "Rejane Santos para o Anhembi Notícias", na verdade, só consegui fazer isso quando ninguém mais prestava atenção no que eu falava, nem mesmo a professora ou o repórter cinematográfico que pacientemente me gravava. E foi em um momento que eu já pensava em desistir do exercício. Já disse que foi uma experiência traumática? Já né? Então enfatizo.

Eu preciso de muita preparação pra pegar no tranco pra essas coisas. Preciso de muito ensaio. De tempo pra fazer do texto uma música, de forma que ele não desgrudasse da minha cabeça. Quando eu era criança, lidava melhor com isso. Eu era escolhida pra ler em frente à turma, na formatura, e como não era segura com a leitura ainda, simplesmente decorava o que precisava falar. E muitos desses discursos, eu lembro até hoje.

Só sei que só volto a gravar pra televisão quando eu estiver devidamente preparada. Tenho meus direitos HAHAHA

O maestro da Vila voltou!

Achei até que demorei muito pra esboçar um texto sobre esse assunto, só quis esperar esses dias pra ouvir todas as entrevistas e comentários sobre seu retorno; e acho que consegui. Li todos os artigos dos meus portais favoritos, assisti aos comentários de programas de gêneros e pessoal diferentes, em emissoras diferentes, mas sempre o que conta mais é a opinião da gente, o que nós pensamos a respeito do que a gente vê. Ainda mais quando somos torcedores fanáticos, repletos de emoção.

Revirei meus arquivos neste blog pra ler o que eu tinha escrito sobre a lesão do Paulo Henrique, naquele fatídico mês de agosto do ano passado. E lembro de como eu me senti mal. Quando a notícia da lesão e do tempo de recuperação vazaram, eu chorei. E chorava a toda hora que ia repassar a informação ou comentar sobre ela. Eu nunca soube explicar essa vontade chorar que o Santos me proporciona e acho que nunca vou saber. O jeito é aprender a controlar.

Durante esse meio tempo, fomos aprendendo a lidar com a falta que Paulo Henrique fazia; no time não muito inspirado do segundo semestre do ano passado, Neymar dava conta sozinho; a colocação final no campeonato Brasileiro foi muito aquém do que estava escrito no começo do ano, do que poderíamos ter conquistado se Paulo Henrique não tivesse se machucado. Muita coisa seria diferente hoje. Para melhor, é claro.

No último mês, quando a volta já se aproximava e as expectativas cresciam. Ele abriu a boca pra falar demais, me deixou muito irritada. Quase que isso afetou a vontade que eu tinha de vê-lo voltar a jogar pelo Santos. Eu tenho uma opinião bem formada sobre isso, mas tentei não misturar o jogador com a pessoa física, nos dias atuais fica complicado lidar apenas com sentimento. O fato é que o importante seria esperar o seu retorno.

A longa espera de 6 meses e alguns dias finalmente terminou. Um alívio para o Ganso, para seus familiares e amigos, para os santistas ou simplesmente para quem gosta de futebol. No seu retorno, ostentou a camisa 16 e aguardou durante o primeiro tempo no banco de reservas, não estava em sua melhor forma e era uma maneira de preservá-lo para futuros jogos. Sua entrada deu cor ao que estava cinza, acordou os dorminhocos e instalou sorrisos na torcida que acompanhava o jogo, todos aplaudiam de pé a volta do maestro da Vila. A alma do time. Bastaram10 minutos para que percebêssemos a falta que ele fazia dentro de campo, um lançamento preciso para Zé Love que resultou em gol de Elano e um gol dentro da pequena área, referência que faltava para as jogadas laterais do time. Que bom que o Ganso voltou, vai acertar o time. Com ele o Neymar joga mais, o Elano joga mais, o Zé Love joga mais e é capaz até que o Keirrisson comece a brilhar em campo. Faz milagre mesmo. Mágica.

Para o jogador, a espera e a lesão podem não ter tido um lado positivo. Mas para mim, com certeza teve. E o ponto positivo foi deixar a minha "endeusação" pelo Paulo Henrique um pouco de lado. Comecei a valorizar o coletivo, outras peças importantes do grupo e principalmente o Neymar. Este último muito por conta da "monstrificação" do caso Dorival Jr. Hoje não sei se gosto mais do Ganso, do Neymar, do Rafael, do Léo, do Elano ou até mesmo do Durval. Gosto do grupo inteiro (com algumas exceções, em alguns jogos) e acho que eles todos representam muito bem a grandeza do Santos. Quando jogam com determinação, pra frente, do jeito que a torcida gosta. No estilo do Santos. O DNA santista.

E independente de confusão, dele falar demais ou de menos. Em campo ele é fora de série. Mano, ainda dá tempo de desconvocar alguns jogadores pra esse amistoso do final do mês. A busca acabou. O camisa 10 da seleção voltou. O da selesantos também.

terça-feira, 8 de março de 2011

O meu próprio país.

Quando você é criança, o seu mundo se ajusta aos seus desejos e é nesse mundo que você vive feliz. Às vezes acontecem imprevistos, seus pais dizem que não podem realizar seus sonhos, mas a coisa mais fácil é encontrar novas possibilidades e esquecer aquilo que não foi possível realizar. Eu sou entre três irmãos a filha caçula, única menina e além desse universo moldado pela proteção dos meus pais, eu tinha o meu próprio refúgio, o meu próprio "mundo da imaginação". Parece loucura analisar esse fato agora, mas para a criança sonhadora que eu era, era pura diversão.

Eu me autonomeio uma criança sozinha porque não tinha contato com primos de mesma idade e nem vivia em um bairro infestado de crianças; quando não estava assistindo aos programas da TV Cultura, os desenhos da Disney e as novelas mexicanas, estava brincando com as minhas bonecas, sozinha. Para isso, eu criava meus próprios diálogos e cenários; cada boneca tinha uma voz, uma personalidade e um nome. Meu irmão mais velho fazia tudo por mim e era complacente às minhas fantasias, sempre se interessava pelos meus assuntos e alimentava a minha imaginação. Talvez por isso ele tenha sido a maior vítima das minhas loucuras infantis.

Sabe quando você é criança e quer ser tudo o que existe no mundo? Princesa, super heroína, médica, dentista, professora, veterinária, cantora, detetive, atriz, cozinheira, artista de circo, pintora e tantas outras coisas? No meu país eu era tudo isso, bastava uma visita ao guarda roupa da minha mãe, um óculos escuro e um sorriso exagerado. O óculos escuro era a dica pro meu irmão saber se era eu, Rejane, ou se era algum personagem. O sorriso exagerado era bobagem mesmo. Eu criava situações, minhas bonecas viravam pacientes, alunas, amigas, malabares. Elas sofriam. Eu não faço ideia de como eu criei essa forma de brincar, só sei que eu criei. Não sei quanto tempo durou, mas durou tempo suficiente pra marcar minha memória. Quando tudo deixou de ter graça pra mim, meu irmão ainda insistia em querer saber como estavam a "doutora" ou a "dentista" e eu só desconversava. Dava risada e não respondia.

Muitos ficam surpresos quando eu respondo: "vou fazer 19 anos" e a surpresa não é só por causa da carinha de criança que a genética me forneceu, da voz que não atingiu um tom convincente, da altura que não me deu o porte ideal, mas principalmente pela forma como eu levo a minha vida. É importante não negar o que se é e a presença da minha criança interior é marcante, basta passar 5 minutos em minha companhia. Eu amadureci, me eduquei pra ser adulta e enfrento os desafios que me foram impostos por isso, não abandonei os gostos peculiares, os bichinhos de pelúcia nas prateleiras do quarto ou a visão romântica de enxergar o meu mundo ideal. Já não acredito fielmente em finais felizes porque aprendi a me decepcionar. Acredito na positividade, no poder do sorriso e na manutenção da inocência.

Para muitas pessoas da minha idade, a infância foi marcada por brincadeiras e jogos em grupo e eu também participei destas brincadeiras. A diferença é que antes de descobrir como era brincar com outras pessoas, eu brinquei comigo mesma.

Texto com análise baseada em relatos da infância, articulado para a disciplina de Estudos da Semiótica. 3º semestre de Jornalismo.