terça-feira, 22 de junho de 2010

Brasil x Costa do Marfim

O Brasil já entrou em campo pressionado devido ao futebol apresentado contra a Coreia do Norte. Contra a Costa do Marfim, jogo que valia a classificação antecipada para a segunda fase da Copa do Mundo, se esperava um jogo mais difícil e mais bem jogado. Isso não aconteceu em totalidade. Além da melhora tática dos jogadores dentro de campo, o que possibilitou a facilidade do Brasil ao jogar, houve lances de contra ataque e o melhor condicionamento de Kaká para armar jogadas e lançar. Quanto ao que se esperava de um jogo bem jogado, a falta de punições em faltas violentas e excesso de erros do arbitro (tanto contra como a favor do Brasil) não funcionaram; mas apesar do teor de violência, foi um dos jogos mais emocionantes de toda a competição.

O primeiro lance do jogo partiu dos pés de Robinho. Em uma jogada rápida ele recebeu e bateu de longe tentando encobrir o goleiro; a ofensividade parecia querer resumir o resto do jogo. Mas ao contrário do esperado, a seleção se viu pressionada por uma Costa do Marfim não muito técnica, mas que teve oportunidades em bola parada. Tudo isso aconteceu em decorrência da afobação e de erros de passes no meio campo por parte principalmente de Kaká e Felipe Melo. Foi uma sequência de escanteios e faltas próximas a área que assustaram, uma vez que sabíamos que eles tinham Drogba e que a qualquer momento este poderia resolver sozinho para sua equipe.

Passado o susto, só a alegria.

Luís Fabiano : a hora chegou

O artilheiro da seleção, centroavante de confiança do treinador, que ganhou o respeito dos torcedores e que tem como principal incentivador Ronaldo (antigo dono da camisa 9) estava a 6 jogos sem marcar. Uma lesão grave o fez viver longos meses de poucos gols e isso gerava preocupação a todos a respeito de como seria seu estado para a Copa do Mundo.

Ele afirmava que quando os gols fossem sair, sairiam de uma vez. Só não se esperava que fossem ocorrer de forma tão fabulosa. Aos 24 minutos, quando o Brasil ainda se via pressionado com as chegadas da Costa do Marfim ao ataque, os três jogadores mais cobrados do grupo resolveram agir para o bem da equipe, numa jogada que reuniu: sincronização, técnica, velocidade, tabela, sorte e concluiu-se com um chute indefensável para o goleiro Barry. O nome dos envolvidos? Robinho, Kaká e Luís Fabiano. O nome do gol? Luis Fabigol/Fabuloso. Este encerrou seu jejum e aproveitou para dedicar o gol à filha Giovana, que completava 6 anos neste dia 20.

Ontem, na África e em vários lugares do mundo era comemorado o Dia dos Pais e a menina pareceu mesmo motivar o pai, já que na volta do segundo tempo, aos 6 minutos, ele realizou a façanha de sua vida. Como se não bastasse uma sequência de chapéus beirando a área, ele conseguiu levar na conversa o árbitro que não viu que o momento em que dominava a bola na mão e o incerto toque de braço em outra oportunidade. A finalização foi consciente e o gol foi bonito para quem viu. Os toques de mão pareceram minúsculos e irrelevantes se comparados com a felicidade que esse gol proporcionou a todos os torcedores e ao próprio atacante, agora motivado.

O terceiro gol surgiu em uma arrancada de Kaká pela lateral esquerda e cruzamento para Elano, que marcou. Elano também dedicou o gol às filhas. O placar largo e a importância dos gols estavam estampados na expressão dos jogadores de ataque e também nos de defesa. Maicon, Julio César e Lúcio proporcionaram uma imagem muito bonita de alívio após o gol. O Brasil já estava mais do que classificado para a próxima fase, em um grupo que muitos consideravam o "o grupo da morte" da Copa de 2010.

Desde o começo do jogo, o juiz francês foi apontado com um árbitro que prefere conversar à penalizar (essa característica geralmente é admirada em Copa do Mundo, já que uma pena mais dura pode prejudicar muito uma equipe). O juiz levou o jogo na conversa até certo momento e quando resolveu punir, já era tarde demais. Quando o Brasil fez seu terceiro gol, a Costa do Marfim parecia ter esquecido que o verdadeiro objetivo do futebol era jogar bola e transformou o Soccer City em um ringue. Elano levou uma entrada fortíssima, que o obrigou a sair de campo mancando. Daniel Alves o substituiu. O agressor não levou nem cartão amarelo. Em jogada semelhante, logo após o lance de Elano, Michel Bastos também recebeu uma entrada forte, dessa vez ainda mais maldosa e o agressor foi penalizado com cartão amarelo. Isso começou a revoltar os brasileiros que estavam apanhando sem poder argumentar com o árbitro, que não demonstrava seu critério de punição.

Kaká: O injustiçado

O camisa 10 brasileiro além de ser cobrado pelos torcedores, é cobrado constantemente por ele mesmo. Ele sabe a importância que tem para a equipe e o quanto seu desempenho é essencial para que os ataques fortes aconteçam e o Brasil tenha a cara do Brasil. Na partida contra a Coreia do Norte, seu desempenho foi de evolução mas não beirou os 50% do que ele é capaz. No jogo deste domingo, a melhora foi significativa e podemos acompanhar em campo um Kaká que há muito não víamos. Pena que a sequência de jogos foi interrompida por um erro grotesco do árbitro francês.

Kaká, já havia sido penalizado com cartão amarelo e reclamava constantemente das atitudes dos jogadores marfinenses. Justamente em uma dessas atitudes, numa trombada ocasional, o jogador adversário simulou uma cotovelada e Kaká foi repreendido novamente, o que gerou seu segundo cartão amarelo e consequentemente o vermelho; o impedindo de enfrentar o agora poderoso Portugal, que goleou a seleção da Coreia do Norte por 7 x 0 em jogo pelo Grupo G, o mesmo do Brasil. Kaká não poderá trocar camisetas com o companheiro de clube Cristiano Ronaldo e até mesmo o adversário diz lamentar a expulsão do brasileiro.

Kaká saiu de campo sem acreditar no que havia acontecido, em toda sua carreira, ele só havia sido expulso em outras duas oportunidades, ambas quando ainda jogava pelo São Paulo. Em entrevista para a TV Bandeirantes, ele pode ouvir do repórter Fernando Fernandes que a imagem era clara de que no lance da expulsão nada havia sido feito para que a punição acontecesse, e desabafou“que bom que as imagens valem mais do que qualquer palavra que eu possa falar aqui”.

Com o Brasil fragilizado e com um homem a menos, foi fácil esquecer da marcação de Drogba, que como eu dizia no começo do texto poderia resolver, ainda que o resultado ainda fosse favorável ao Brasil. Aos 33 minutos do segundo tempo, ele subiu sozinho para cabecear e Júlio César não pode fazer nada para evitar o gol marfinense.

O jogo terminou assim: 3 x 1 para o Brasil. Para muitos, esse jogo seria o mais complicado da chave para o Brasil, o time passou bem e garantiu a vaga na segunda fase. A colocação dependerá do jogo de sexta feira, dia 25, contra Portugal. Um empate classifica o dois, dependendo da classificação, podem pegar a Espanha. Vai ser um jogo emocionante e que renderá bons comentários.

Esta partida contra a Costa do Marfim, também cheia de emoções, era o que o brasileiro desmotivado precisava para entrar no clima da equipe, defendendo e acreditando no potencial do grupo. O otimismo vindo de longe, pode motivá-los ainda mais. Agora é esperar a recuperação de Elano, que o otimismo e a confiança da torcida reflita no bom desempenho da seleção e que aqueles que ainda não se renderam, possam se render, mesmo sem Kaká.

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